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Naquela epoca havia muita tristeza pelo mundo: as maes choravam a morte dos filhos ainda criancas; os pais adoeciam e nao tinham mais comida em casa; as casas deixavam a chuva entrar pelos telhados; o frio congelava; o calor sufocava; as doencas se espalhavam rapidamente por todos os lugares e por todas as pessoas; as criacoes morriam com a boca espumando; a podridao infestava o lugar com um cheiro de vapor de enxofre. Sobre as barrigadas dos porcos, putrefatas, espalhadas pelas ruas, moscas azuis tiniam suas asas em um escabroso festim. Quando contaram para o rei o que estava acontecendo ele perguntou aos conselheiros o que deveria fazer para que aquelas pessoas nao parassem de pagar seus impostos. Um conselheiro sugeriu uma ajuda financeira, a divisao da riqueza do reino. O rei mandou imediatamente matar o conselheiro. Outro conselheiro sugeriu que as pessoas tivessem uma ajuda espiritual. O rei cocou a cabeca... A pior desgraca que a humanidade ja experimentara estava por vir.
TEXTICULOS sao relatos explicitos de tudo aquilo que estava implicito. Nao saia desse blog antes de deixar um comentario. Mesmo que seja para me mandar a merda. Valeu.
Friday, August 04, 2006
Escabroso Festim
Posted by Renato Vargas Simoes at 1:34 PM 1 comments
Mais Um Copo
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O papa e um sujeito ridiculo. Alias, todas as pessoas ligadas as igrejas sao ridiculas. As igrejas sao a fonte de todas as maldades que existem no mundo (?). Nao tem nada pior que as igrejas. Talvez os exercitos se comparem a elas mas, mesmo com toda a sua imbecilidade, eles ainda nao sao piores que elas. Mas, agora, o assunto e o papa, nao os exercitos. Eu ainda nao conheco o papa. Fiz uma promessa, a mim mesmo, nunca ver a figura do papa. Quando ele aparece, em algum ridiculo jornal ou na idiotizante televisao, eu olho para o outro lado. Nao sei bem o seu nome e nao me importa as bobagens que ele fala. Assim, quando um dia ele se encontrar comigo pelos bares da cidade nao vou reconhece-lo e se, quando um amigo me apresentar, “Olhe…esse aqui e o papa”, eu, descontraido, tomando minha cerveja, olho para o dono do bar no outro lado do balcao e peco mais um copo. “Da mais um copo ai para o papa. Senta ai, o papa!”
Posted by Renato Vargas Simoes at 1:30 PM 1 comments
O Vapor do Passaro
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O inferno nao existe. Nem simbolicamente. E ser muito burro acreditar no inferno. Nao pode haver um lugar que queima as pessoas vivas pelo resto de suas mortes. Ou que nao queima mas faz com que as pessoas mortas, mas que ainda sao vivas (?) , sofram de qualquer outra maneira. O inferno e outra coisa que as igrejas e os crentes nao querem admitir. O inferno e a vida boa que se pode ter na terra. E o prazer eterno que se tem enquanto ele dure. E o jacare comendo o passaro que poderia estar voando alto nos ceus e, no entanto, foi engolido na beira da lagoa, por um reptil rastejante que se atola na lama e depois entra na agua pra lavar o subaco. O inferno sao os ricos nao compartilhando com os pobres, o iate parado no cais da lagoa, as luzes acessas, a musica alta, os risos das mulheres bonitas, o constante tim tim das tacas de vinho espumante enquanto, la em baixo, o jacare arrota o vapor do passaro.
Posted by Renato Vargas Simoes at 1:21 PM 1 comments
Super Homem
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O homem morava na favela com sua familia. Era considerado uma pessoa normal mas achava que o mundo precisava de mais leitura, ou alguma coisa que nao sabia ao certo o que seria.
Um dia, ele foi a biblioteca da cidade e pediu a bibliotecaria um bom livro. Ela, toda sorridente, lhe deu um livro do Sartre, o Jean Paul. O homem ficou achando que Sartre era o maximo! Ficou impressionado com a historia do homem humilde e fraco mas que se sentiu muito poderoso quando saiu de casa e andou no meio das pessoas com um revolver no bolso. Aquele homem se tornara um "super homem"! Por isso, o homem ficou pensando nas coisas da favela. Pensou na pobreza e na violencia. Pensou no "super-homem". Foi ate uma loja no centro da cidade e comprou uma roupa igual a do Super-homem. Quando ele saiu de casa andando pela favela, vestido com aquela roupa ridicula, apanhou tanto, tanto que nunca mais quiz ler e proibiu, para sempre, seus filhos irem a biblioteca.
Posted by Renato Vargas Simoes at 1:05 PM 0 comments