TEXTICULOS sao relatos explicitos de tudo aquilo que estava implicito. Nao saia desse blog antes de deixar um comentario. Mesmo que seja para me mandar a merda. Valeu.

Friday, November 03, 2006

Apenas Contei um Fato

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Devo confessar que estava distraido. Na verdade, estava pensando em alguma coisa que acabara de ler na telinha do meu computer. De repente deu um “vap”e a sua cabeca cresceu para fora da tela em minha direcao. A capeta em pessoa. Ela estava furiosa. Demente. Queria ter uma conversa de “pe-de-orelha” comigo. Queria saber de onde eu havia tirado a ideia de que o pai do equilibrista havia morrido de uma queda na fila do banco. “Isso nao e verdade” ela bradou em voz rouca e vermelha. “Mas... que diferenca isso faz? Perguntei timidamente. “Que diferenca? Voce nao sabe? Ele era o equilibrista pai. Que ensinou o filho. Que deu sustento a sua familia com sua profissao. Como pode ter caido no chao frio de marmore do banco sem ao menos rachar a cabeca?” Dei um empurrao na cabeca da demonia e fiz com que ela voltasse de onde tinha vindo. “Sera que nao tinha nada melhor para fazer?” Pensei. Na verdade, nao fui eu quem tirou essa ideia de lugar algum. Eu apenas contei um fato inveridico ( antes de ser contado ) mas que depois de consumado capeta nehuma podera muda-lo.

Lo Accidente

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um dia troquei minha bike por uma moto. bike nova, moto véia, foi na oreia.minha mãe disse que ia ser dor de cabeça, mas nunca imaginei que doesse tanto. problemas mecanicos, manutenção e peças descontinuadas. nada disso. a cabeça bateu foi no meio fio. o capacete segurou um pouco mas o trauma aconteceu. a moto se foi e a bike tambem. minha cabeça nunca mais foi a mesma. ficou um calombo dum lado. ficou um buraco do outro. ainda penso, mas não me lembro de como pensava antes para comparar.minha mãe sempre diz a verdade e o pé da letra é simplesmente implacavel comigo.Palavras de Zakale escritas em www.zakale.blogspot.com

Eu tambem tive uma bike. Ela tinha o freio no pe. Era uma Husqvarna, Theca. Um dia o afilhado da minha mae, um neguinho filho da comadre Bastiana, viu minha bike no quintal e pediu ela a minha mae. Minha mae deu. Minha cabeca nunca mais foi a mesma. Sofro disso ate hoje. Nao sei dizer se por isso a vida do neguinho foi melhor dai em diante. A minha foi so lembranca de minha bike de breque no pe e de muitas derrapadas no asfalto novo da rua aonde eu morava. Acho que ficou um calombo de um lado e um buraco do outro por dentro de minha cabeca.

Uma Forcinha

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A capeta estava amuada. Sentada na sargeta, parecia que estava querendo chorar. “Ola Dona capeta” arrisquei puxar conversa. “Parece que nao esta muito legal hoje!? O que que ha?” “Nao esta vendo?” respondeu com uma voz miuda. “To tediosa. Nao to tendo muito o que fazer.” “ Nao tem o que fazer? Como assim?” insisti. “Nao esta sobrando muito coisa para eu fazer. As desgracas por si so estao pululando em toda a parte. Virou rotina. As criancas morrendo de fome e de guerra. Uma beleza, mas… enfim, a coisa ta de um jeito... tudo prontinho.” afirmou desolada. “Sei... entendi… deixa eu ver… quem sabe eu posso te dar uma forcinha. E se voce fizesse, de repente, alguns pobres se tornarem ricos? Nao precisa ser muitos. Assim: voce da riqueza a eles e em troca eles vao menosprezar, maltratar e ignorar os antigos amigos.” Seus olhinhos brilharam.”Sera?” “Pois e.” Completei. “Ai e que esta a graca da coisa. Eu aposto com voce que eles vao se tornar ricos, neo-liberais, e vao se esquecer de todo o resto.” “ok…” disse a capeta.. ”vou tentar” Desamuou.