TEXTICULOS sao relatos explicitos de tudo aquilo que estava implicito. Nao saia desse blog antes de deixar um comentario. Mesmo que seja para me mandar a merda. Valeu.

Wednesday, August 22, 2007

A Fabula do Pe de Melancia

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Essa fabula tem origem em uma historia verdadeira. Havia uma pessoa que tinha uma cabeca enorme. E dentro dela um cerebro tambem muito grande. Por isso ele era muito inteligente e por isso as pessoas nao o entendiam muito bem. Ele era inquieto e reclamava o tempo todo de todas as coisas erradas. Ele adorava ler e leu tudo o que um homem podia ler. Lia e aprendia. E mesmo antes dos livros se fundirem em sua enorme cabeca comecou a se preocupar com a preservacao natureza. Isso muito antes do mundo comecar a falar sobre isso. Uma vez, entrou em uma loja para comprar um chapeu. Quando um amigo viu que nenhum chapeu servia em sua cabeca, disse admirado: “Nossa, Ze Simao! Isso nao e uma cabeca. Isso e uma melancia! Voce mais parece com um pe de melancia!” E foi por isso que seu corpo nao aguentou carregar aquela enorme cabeca por muito tempo e se acabou. Da mesma forma que um pe de melancia se acaba. Mas os deuses, percebendo a injustica que fizeram, transformaram a sua cabeca em uma verdadeira bela melancia. E de suas sementes nascerao todas as outras melancias do mundo. E em alguns anos somente dentro delas existira agua potavel. Da exata maneira que ele previu.

Thursday, August 16, 2007

Tive Que Ir a Pia

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Duas coisas: a primeira e que sob o bonito vestido florido o sutian estava poido perto do fecho e manchas amarelas nas alcas que passavam embaixo dos bracos. A segunda, os seios, desnudos das alcas, alongavam-se para o lado das costas em finos nacos de pele e gordura e veias esverdeadas e pretas se trancavam umas por cima das outras. Alem disso, quando o sutian passou perto de meu nariz e tive a impressao de sentir cheiro de sebo. Pode ter sido so impressao. Mas em pouco tempo em que o sutian ficou sobre as flores do vestido fez com elas murchassem. Ai, acho que estava delirando. No baile, vi primeiro o vestido. Bem antes de ver seu rosto, apaixonei-me. Minha mente imaginou o seu rosto. E quando voce sorriu para mim, eu ja estava desmanchado por dentro. Fulminado. Em parceria, seu perfume com sua voz macia fizeram meu cerebro despensar. Conduziram-me a ideias confusas e por isso virei uma dose de absinto sobre as cervejas e os conhaques. Nessa hora, senti que o arroz e o feijao se separaram das salsichas, as cebolas se separaram do ovo cozido e formaram novamente o prato feito dentro do meu estomago. Tive a sensacao acida-adocicada de vapor de wasabi subindo ao nariz quando disfarcei meu arroto. Quando acordei voce nao estava mais. Uma baba branca secou em meu queixo e nao saia com a saliva na mao. Tive que ir a pia. A cabeca latejava. Aquele que vi no espelho nao era eu. Foi assim que descobri como fazer de mim uma outra mesma pessoa sem que nao fosse eu mesmo. Conclui que havia sonhado. Mas quando saia do quarto vi um sutian com as alcas amareladas sobre meu livro sagrado.

Thursday, March 29, 2007

Sem Esquema

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Detonaram o Mirtao! O que mano? Ta maluco? O Mirtao? Sem essa! Alguma coisa pego. Treta. Mas o Mirtao nao vacilava. Sangue ruim mas nao vacilao. Deu regaco? Caguetaram? O bicho vai pegar! E as mina? Tao no lance? Nem. Po! Que Manezada! Nao tem pra malandro. Os cara nao forgaram. Tipo truta. Sera que tinha home no lance? Foi com os home? Firmeza. So. Foi na geral dos home? So sei que deu pau. Nossa! Saquei. Tem tanga froxa no pedaco. Dedo? So. Desencana. Mas o Mirtao foi mal mano. Foi mal mano. Papagaia com os otros mano. Ta ligado? A coisa vai rola ainda. Tem treta, malandro. To ligado mano. So safado! Nao da nem pra da um role que aparece gambe pagando pau. Tem uma pa de mano preso. Maluco no xis. Pacau, po. Sobro velorio. Demoro. Merda. Ladrao ta com uma na agulha e cinco no tambor. Mao cheia. Maior zueira. Tem o dom? To ate sem rango faz uma data. Nem. Sem esquema. Nao to nem ai. Tem os menino do Mirtao. Tao numa pior. Tao rangando barata. Mal. Mas, falo o cara. Falo mano. A gente se cruza. Falo. Vamo reza pra alma do Mirtao. So. Valeu. Valeu mano.

Wednesday, March 28, 2007

Eles nao morrreram ainda

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Pegaram o Mirtao e enfiaram um saco de estopa na cabeca dele. Ele tentou que tentou escapar mas eles eram em seis e deram muitos chutes no Mirtao. Ele chingou e rodou o maximo que pode mas nada disso adiantou. Depois de um tempo ele estava quietinho no chao e dava pra ver um sanguinho escorrendo por entre os buraquinhos do saco de estopa. Eles pegaram o saco com o Mirtao dentro e jogaram em cima de uma camioneta. Como se fosse um saco de lixo. Sairam correndo nao se sabe pra onde. O Mirtao era preto. Os filhos dele sao bem pretinhos. De vez em quando, com do, a turma leva comida para eles. Alguma coisa que sobrou. Quando eles pegam a comida comem feito porcos. Eles nao falam. So olham e esticam as maos para pegar os pedacos de comida. A turma nao entende como eles nao morreram ainda. Dizem que se os meninos do Mirtao conseguirem sair dessa vao acabar virando bandidos. A turma nao entende como novos bandidos nascem e crescem por ali todos os dias. Tem gente que diz que a terra e ruim. Que quem nasce ali nasce ruim tambem. Pode ser.

BOA CONHA

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conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa conha boa

Saturday, January 13, 2007

Uma Bonita Perua

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O menino queria ser pretinho. Por isso ficava o dia todo no sol. Quando tinha que por a camisa para ir para a escola ficava muito contrariado. Sua mae lhe perguntou se nao tinha medo de ficar pretinho e ele disse que isso era exatamente o que queria. Queira ser um jogador de futebol e por isso tinha que ser pretinho. Os branquinhos podiam ser bons jogadores mas nao tinham a cor dos melhores jogadores. A mae lhe falou que ser branquinho era melhor. Que devia agradecer a deus por ser branquinho. Lembrou o caso do cantor de rock que tinha feito umas mil cirurgias pra ficar branquinho e por isso ficou meio tonto da cabeca. Lembrou que os pretinhos eram proibidos de muitas coisas so por serem pretinhos. Que deus escolheu as pessoas para serem branquinhas e outras pessoas para serem pretinhas. Fazer o contrario da vontade de deus era pecado. O menino nao acreditou e insistiu que queria jogar no time de futebol dos pretinhos mas sob a proibicao da mae, decidiu sair pela rua a procura de um animal que pudesse ser sua namorada. Dessa forma ficaria vingado de sua mae. Nao demorou muito para achar uma bonita perua. O dia de pascoa estava chegando e por isso deduziu que um ajudante de deus deveria estar escolhendo quem seria ressuscitado branquinho e quem seria ressuscitado pretinho.

Maconhamento Excessivo ( Fabulas Fabulosas 6 )

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Apesar dos olhos grandes e saltados, a lagartixinha nao enchergava direito. Toda vez que precisava alcancar uma borboletosa era um sacrificio. Sua lingua ou ia na direcao da sombra da borboleta ou mal pegava pela ponta das asas e assim as elas escapavam ilesas. Por isso a lagartixinha comecou a passar fome e a emagrecer. Ficou anemica e passou a falar baixinho e devagar. Nao tinha forcas para nada e por isso suas calcas comecaram a cair e os cabelos cresceram atras das orelhas e na palma de suas maos. O seu pai ficou sismado e furioso: “Esse menino deve estar fumando uma maconha danada!” pensou com seus botoes. E assim foi ate que um dia a lagartixinha sem poder andar, caiu de cama. O medico examinou a lagartixinha com todo o cuidado e confidenciou ao pai a sua suspeita. Aquilo era o sintoma de maconhamento excessivo! O seu lagartixo ficou injuriado. Pegou a lagartixinha pelos pes e a derrubou do buraquinho do forro em cima do prato de sopa do pai do menino que levou um susto enorme. No dia seguinte o homem chamou a dedetizadora para acabar de vez com a vida daquelas nojentas lagartixas que estavam infernizando sua casa e as suas vidas. Quando terminou sua estoria o colombiano enchugou as lagrimas dos olhos. Ninguem disse uma so palavra na cela quente e abafada no fundo da prisao em que estavam.

O Buraquinho no Muro 2 ( Fabulas Fabulosas 5 )

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Quando a lesma viu o menino se aproximar com a mao cheia de sal tentou entar no buraquinho do muro o mais rapido que conseguia. Mesmo assim, uns graozinhos de sal lhe grudaram na pele das costas e queimaram muito e a fizeram derramar lagrimas de dor. O menino ficou pocesso. Como a lesma havia conseguido escapar de sua gana de salga-la? Ela talvez tivesse escorregado na sua meleca enquanto ele achava que a tinha sob controle. Merda! Mas, mesmo assim nao desistiu. Foi ate a construcao do lado de sua casa e pegou um bom tanto de massa de cimento. Sorria satisfeito enquanto fechava para sempre aquele buraquinho idiota. A lesma se encolheu em seu cantinho vendo a escuridao tomar todo aquele pequeno espaco. Deitou-se sobre sua meleca e descansou a noite toda. No outro dia, andou por entre os vaozinhos dos tijolos ate chegar no outro buraquinho no muro. O menino, que nao era bobo nem nada, havia esparramado sal por toda a extensao do muro. A lesma concluiu que ela era a mais detestavel das criaturas quando soube que aquele menino se tornaria um filantropo medico e que passaria sua vida inteira fazendo caridade e cuidando do bem estar das pessoas.

Ai, Pintou Uma Ideia.

50
Olav Bilac perdeu os oculos. Era o comeco da temporada de provas na faculdade de direito e sem seus oculos ele nao podia nem sair de casa. Fiocu muito preocupado e resolveu ligar para o diretor da escola. O diretor foi implacavel. Disse a Bilac que Beto Owen ficou surdo e nem por isso deixou de compor. Que o cego Adalgisio pintou seus melhores quadros sem enchegar nada. Por isso, da mesma forma, Bilac tinha que fazer as provas da melhor maneira que pudesse. Bilac ficou indignado. Nao era Beto Owen. Nem muito menos Adalgisio. Pensou em mandar seu irmao gemeo em seu lugar mas o seu irmao era um cachaceiro e nao saberia responder as questoes da prova e, alem disso, nao usava oculos. Pensou em desistir da faculdade e escrever um manifesto contra o diretor mas ponderou que os colegas que nao gostavam dele iriam impugnar a peticao. Pensou que o mundo estava errado e que os deuses conspiravam contra ele. Nao tinha saida. Tinha que enchergar para fazer as provas. Ai, pintou uma ideia. Uma boa ideia. Ele era uma pessoa muito inteligente e por isso talvez se tornaria um grande poeta. Sorriu. Tentou escrever umas linhas mas as palavras se embaralhavam em sua cegueira. Sorriu de novo e abracou o seu ursinho de pelucia antes de dormir. Ele era apenas Olav Bilac.