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Pablo Neruda tinha uma colecao de pedras como eu tenho. Um dia, eu estava sentado e uma pedra olhou para mim. Eu olhei para ela e resolvi coloca-la no bolso. Ela nao era uma pedra comum. Tinha alguma coisa que as outras pedras nao tinham. Talvez, um olhar difetente das outras. Um pedra digna de ir para uma colecao de pedras. Depois, passei muito tempo sem achar a minha segunda pedra. Ate que um dia, sem nada esperar, olhei para o chao e vi uma outra pedra olhando pra mim. Pimba! a segunda. Assim foi ate que juntei umas 50 ou 70, nao contei. Um dia, lembrei que o Neruda tambem tinha uma colecao de pedras. Fiquei puto comigo mesmo. Entao tinha sido la que eu tinha aprendido essa besteira? Havia sido com o grande poeta Neruda? Aquele mesmo que chama as ondas do mar de “olas”?! Se eu tivesse um estilingue atiraria todas essas pedras na janela do vizinho que reclama quando ouco musica alta.
TEXTICULOS sao relatos explicitos de tudo aquilo que estava implicito. Nao saia desse blog antes de deixar um comentario. Mesmo que seja para me mandar a merda. Valeu.
Saturday, July 15, 2006
"Olas"
Posted by Renato Vargas Simoes at 12:10 PM 1 comments
O Dante e Um Babaca
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Quer ver? O Dante e um babaca. Escrever uma poesia sobre o inferno! Que bobagem. Nao so pela perda de tempo quando escreveu o livro mas o tempo todo em que as pessoas ficaram lendo esse livro. Eu mesmo ja li. Burro. Umas versoes reduzidas e traduzidas. Ai, um amigo recomendou que eu lesse o original. Que coisa, nao? Mesmo sem entender a lingua dos italianos eu gastei um tempao lendo aquele pretenso inferno. O inferno nao pode ser assim. O inferno nao e o que o Dante diz. O inferno e um iate cheio de vinho e talheres de prata. O Dante colocou tudo arrumadinho. Os niveis do inferno. As pessoas e as penas. Que e isso? Que puta sacanagem. Que perda de tempo. Que falta de imaginacao. “E questo e vero cosi com’io ti pario.” (“ E isso e verdade assim como eu te falo”.) Mentira. Inferno e ouvir Tom Jobim quando a pessoa amada te deu um pontape. O inferno e morder a lingua comendo buchada. O inferno e um lugar especial aonde somente quem nao gosta de poesia pode entrar.
Posted by Renato Vargas Simoes at 12:02 PM 1 comments
A Mesma Merda
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Nao gosto de poesia. E assim: pego algumas palavras, que ja conhecia, e as coloco enfileiradas ou de uma outra forma qualquer. Leio. Nao era assim que eu queria ve-las. Nao gosto do que li. Volto e tiro um “foda-se” que parecia querer sobrepujar as outras palavras. Escrevo o "foda-se" em outro lugar. Tambem nao gosto. Fico puto. Apago o "foda-se" de vez. Leio de novo e nao gosto de mais nada. Dou uma fungada e penso em apagar tudo o que escrevi. Rearranjo. "Foda-se!" Mas estava tao bonito! Aquela palavras vieram de uma inpiracao intensa. O que teria acontecido? Fico lendo meio de longe… vou ate a cozinha e dou um gole no cafĂ©. Volto e leio tudo de uma vez. Procuro algum sentido, alguma coisa que esteja escondida. Alguma coisa criativa. Alguma coisa nova. Uma vida... Nada. Nao acho nada. A mesma merda. Nao gosto de poesia. Apago tudo e escrevo o "foda-se" bem grande no meio da folha na telinha.
Posted by Renato Vargas Simoes at 11:54 AM 0 comments