49
Fanfarra era como chamava a banda do colegio. Achava que esse nome vinha da mistura de “fun”, palavra do ingles que queria dizer prazer, e “farra”, palavra do portugues que queria dizer algazarra. Sabia nao. Naquele tempo, quando estavam sem os instrumentos, imitavam a fanfarra com um desafinado vocal. Era mais ou menos assim: comecavam pela zabumba grave e seria: “bundao... bundao... bundao”...depois, entrava a caixinha de guerra: “toma limonada pra caga de madrugada... toma limonada pra caga de madrugada...” e num tom um pouco mais grave, como se fosse uma resposta, “toma purgante pra caga bastante ... toma purgante pra caga bastante...” Depois entravam os surdos: “o bate cu bate culhao, pisca o cu balanga o saco ... o bate cu bate culhao pisca o cu balanga o saco...” e por cima disso tudo, a caixinha de repique com o seu delicado “caralhinho ... caralhinho ... caralhinho...” Depois com a base pronta entravam os metais fazendo a base: “quero caga nao posso... quero caga nao posso...” e finalmente os metais no solo: ‘um gato sargento, mordeu meu saco, sargento, ranco pedaco sargento, ai ai que doooor... um gato sargento...etc” Tinha saudade da banda. As vezes, propunha a alguns amigos ensaiar de novo essa incrivel vocalizacao, para quem sabe, em uma ocasiao especial, por exemplo no Natal, pudessem parar em frente a matriz de N.S. do Perpetuo Socorro e, com os seus gorrinhos vermelhos de pom pom, soltar as alegres vozes, misturadas com gargalhadas, como faziam quando eram mais inocentes e muito, muito, mais felizes.
TEXTICULOS sao relatos explicitos de tudo aquilo que estava implicito. Nao saia desse blog antes de deixar um comentario. Mesmo que seja para me mandar a merda. Valeu.
Tuesday, December 26, 2006
Incrivel Banda
Posted by Renato Vargas Simoes at 6:05 PM 4 comments
Resposta Imunitaria ( Fabulas Fabulosas 4 )
48
O bacterio bateu o telefone. Estava muito bravo e por isso sentou na mesa para o jantar sem muito apetite. Ele tinha uma bacteria esposa e tres bacterinhas filhas. O bacterio pensava que a injustica era um mal dos homens. Que as bacterias saprofitas responsaveis pela producao de vitaminas e acidos graxos de cadeia curta, degradacao das substancias alimenticias nao digeridas, integridade do epitelio intestinal, estimulo da resposta imunitaria e etc, nao poderiam serem chamadas pelo apelido feminino de “Flora”. Eles eram um exercito a servico dos homens. E por isso estavam lutando pelos seus direitos. Estavam pensando em fazer uma greve de fome e deixar todo o mundo com desinteria, das bravas, ate que resolvessem chama-las por um nome mais adequado. Estava perdido nessas elocubracoes quando uma de suas filhas deixou escapar um sonoro arroto que balancou a mesa e fez estremecer e tremer a barriga toda. Imediatamente, o bacterio, indignado, mandou que a filha saisse daquele intestino para sempre. A bacteria filha encheu sua trouxinha com duas calcinhas e um chinelo de dedos e, sob o olhar triste de sua mae e de suas irmas, desceu na primeira leva que saia com destino ao exterior desconhecido e perigoso. O lugar que ela sonhava em viver livre e independente do chato de seu pai.
Posted by Renato Vargas Simoes at 5:59 PM 1 comments
A Lavagem dos Ultimos Dias ( Fabulas Fabulosas 3 )
47
O porco pediu ao homem que lhe desse uma boa dose de elexir palegorico misturado na lavagem porque ele estava com uma desinteria muito forte e nao estava conseguindo dormir direito a noite. O homem olhou pra o porco ressabiado e achou que ele estava com malandragem pois conhecia aquele porco muito bem. O porco raspou a garganta e continuou falando que acreditava que a lavagem dos ultimos dias tinha resto de carne de porco misturada com restos de arroz e feijao e que isso, alem de se caracterizar como um canibalismo, involuntario, mas da mesma forma inadmissivel, resultava na possibilidade de uma reacao organica degenerativa, nao so sacrificando o atual rebanho como tambem pondo em risco as futuras geracoes que poderiam se contaminar nesse ciclo indesejado e, por isso, contraproducente. Aproveitou e advertiu o homem para o risco da lavagem estar contamindada com produtos inorganicos que poderiam introduzir males maiores para a populacao do chiqueiro como a gripe aviaria e o mal da vaca louca alem de outras doencas ainda nao catalogadas. O homem, preocupado, foi a farmacia a procura do elexir palegorico porque ficou na duvida se o porco tinha realmente dito aquilo tudo ou se a televisao estava mexendo com seus nervos.
Posted by Renato Vargas Simoes at 5:56 PM 1 comments
Satisfacao
Deus chegou me empurrando bateu com as duas maos no meu peito exigindo satisfacao afinal quem eu pensava que eu era que podia escrever coisas que ele nao merecia que se alguem tinha o direito de estar no iate ou na penitenciaria era um prolema seu e eu nao estava autorizado a escrever sobre isso e mais que isso ficar dando corda para a capeta que nessas horas perdia a nocao do ridiculo e ficava azucrinado com ele e com todo mundo so porque ela nao sabe e nao conhece os misterios profundos da natureza e se acha dona da verdade aquela assanhada que nao se pode confiar ainda mais com esse pensamento de que os ricos sao os donos do inferno pois se o ceu exite e o paraiso e tao dificil aqui na terra como eles podem pensar que nao estao no inferno dentro de um iate ou dentro de todos os iates que rodam os mares azuis do caribe que por sinal esse mar tinha sido feito por ele no tempo ainda que nao existia nem a capeta nem os escritores mais ou menos no tempo em que o genesis fez a luz e so depois disso e que apareceram os iates antes dos homens que nao poderiam escolher por si so se iriam navegar nos mares cristalinos e calmos ou se afundariam nas penitenciarias do estado e por isso eu devia uma satisfacao nao uma retratacao porque o dito e escrito nao se apaga quando as palavras sao duras e escritas no blog de um dono de iate que nao quer nem saber se eu existo ou nao?
Posted by Renato Vargas Simoes at 5:52 PM 0 comments
Um Gostoso Cobertor de La ( Fabulas Fabulosas 2 )
45
Posted by Renato Vargas Simoes at 5:47 PM 5 comments
O Mais Inteligente dos Animais
44
Posted by Renato Vargas Simoes at 5:43 PM 1 comments
Wednesday, December 20, 2006
O Buraquinho no Muro ( Fabulas Fabulosas 1)
43
Posted by Renato Vargas Simoes at 10:33 AM 1 comments
Perplexo
42
A televisao fez isso comigo: deixou-me perplexo. Eu estava distraido, a televisao ligada e resolvi dar uma passada de olhos nas ultimas noticias. Mudei de canal e dei de cara com o papa. Ele estava la sentado e numa fracao de segundos, infelizmente, eu vi seu rosto. Meu proposito de nunca ver o rosto do papa foi por agua abaixo. Mas, felizmente, eu me esqueci de seu semblante quase que imediatamente. No meu celebro so ficou a imagem de uma roupa branca e nao sei nem ao certo se ele usava um chapeu idiota que os papas usam. Gracas a Deus! Mas o pior estava por vir. Fui dormir ressabiado e nao e que o papa apareceu no meu sonho! Que estavamos presos em uma mesma cela. Ele com aquela roupa branca, me benzendo e dizendo que durante os anos em que ficariamos presos juntos ele iria me converter ao catolicismo. Acordei num pulo. Que pesadelo terrivel! Eu suava e jurei que nunca mais olharia para o lado da teve. Nao quero mais ver a imagem do papa. Pedi isso muito a Deus. Fiquei perplexo. E tem mais ainda. Enquanto eu contava esse fato, verdadeiro e chocante, a capeta do meu lado ria que se esbaldava.
Posted by Renato Vargas Simoes at 10:04 AM 1 comments
Tuesday, December 19, 2006
Deus me Fudeu!
41
Posted by Renato Vargas Simoes at 8:44 PM 1 comments
Monday, December 04, 2006
Servico Sujo
40
O homem na cadeira de rodas nao tem as duas pernas. Ele fica sempre estacionado na frente do seven-eleven. Sempre a noite. As pessoas param rapidamente os carros e ele se aproxima com a sua cadeira. Entrega um pacotinho e pega o dinheiro. Ele fica boa parte da noite fazendo isso. Algumas pessoas ficam incomodadas vendo o homem sem pernas fazendo esse servico sujo. Ele devia fazer outra coisa na vida! Dizem que ele perdeu as pernas na guerra. As pessoas incomodadas o denunciaram a policia. Ele foi preso com cadeiras de rodas e tudo. Depois de uns dias ele estava de volta no mesmo lugar e fazendo a mesma coisa. As pessoas incomodadas de novo avisaram a policia que havia prometido a ele que da proxima vez seriam implacaveis. Levaram e o deixaram uns dias no chao frio da cela do porao. Depois o tenente mandou que seus homens mais fortes fossem la e cortassem as pernas dele. De novo. Depois de uns dias la estava ele em frente ao seven-eleven vendendo os seus pacotinhos. Mesmo sem ter as duas pernas que havia perdido na guerra que serviu para levar a democracia a um outro pais muito distante. Mesmo sem ter as duas pernas que foram cortadas pela segunda vez pela policia na cela fria do porao.
Posted by Renato Vargas Simoes at 10:18 AM 1 comments
Jogo de Baralho
39
A mae do equilibrita jogava baralho. Ela era uma pessoa de sorte e sempre ganhava algum dinheiro. Quando olhava para as pessoas que haviam perdido, sentia uma certa alegria e uma certa tristeza ao mesmo tempo. Os olhares tristes, as esperancas perdidas. O dinheiro no bolso. Uma briga antiga essa do jogo de baralho, ela pensou. Tem gente que diz que isso e coisa da capeta. Tem gente que diz que e coisa dos homens. Eu nao sei. Acho que ninguem tem muita coragem de entender esse tipo jogo. A mae do equilibrista pensou em inventar um jogo em que ninguem perde. Inventou regras de modo que mesmo quem perdesse seria tambem um vencedor. Todo mundo ganharia dinheiro. Uma especie de moto-perpetua. O dinheiro nao seria repartido mas apareceria dinheiro novo feito em uma maquina embaixo da mesa, por exemplo. Coisa de mae. Queria que todos ganhassem. Fizeram um teste. Todo mundo ficou feliz por um tempo. Ate que alguem sugeriu que essa regra fosse aplicada em todas as atividades da nossa vida. O grupo foi enquadrado em uma lei chamada Pariotic Act. A mae do equilibrista pegou 20 anos sem direito a recorrer a liberdade condicional. Merecido.
Posted by Renato Vargas Simoes at 10:13 AM 1 comments