49
Fanfarra era como chamava a banda do colegio. Achava que esse nome vinha da mistura de “fun”, palavra do ingles que queria dizer prazer, e “farra”, palavra do portugues que queria dizer algazarra. Sabia nao. Naquele tempo, quando estavam sem os instrumentos, imitavam a fanfarra com um desafinado vocal. Era mais ou menos assim: comecavam pela zabumba grave e seria: “bundao... bundao... bundao”...depois, entrava a caixinha de guerra: “toma limonada pra caga de madrugada... toma limonada pra caga de madrugada...” e num tom um pouco mais grave, como se fosse uma resposta, “toma purgante pra caga bastante ... toma purgante pra caga bastante...” Depois entravam os surdos: “o bate cu bate culhao, pisca o cu balanga o saco ... o bate cu bate culhao pisca o cu balanga o saco...” e por cima disso tudo, a caixinha de repique com o seu delicado “caralhinho ... caralhinho ... caralhinho...” Depois com a base pronta entravam os metais fazendo a base: “quero caga nao posso... quero caga nao posso...” e finalmente os metais no solo: ‘um gato sargento, mordeu meu saco, sargento, ranco pedaco sargento, ai ai que doooor... um gato sargento...etc” Tinha saudade da banda. As vezes, propunha a alguns amigos ensaiar de novo essa incrivel vocalizacao, para quem sabe, em uma ocasiao especial, por exemplo no Natal, pudessem parar em frente a matriz de N.S. do Perpetuo Socorro e, com os seus gorrinhos vermelhos de pom pom, soltar as alegres vozes, misturadas com gargalhadas, como faziam quando eram mais inocentes e muito, muito, mais felizes.
TEXTICULOS sao relatos explicitos de tudo aquilo que estava implicito. Nao saia desse blog antes de deixar um comentario. Mesmo que seja para me mandar a merda. Valeu.
Tuesday, December 26, 2006
Incrivel Banda
Posted by Renato Vargas Simoes at 6:05 PM 4 comments
Resposta Imunitaria ( Fabulas Fabulosas 4 )
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O bacterio bateu o telefone. Estava muito bravo e por isso sentou na mesa para o jantar sem muito apetite. Ele tinha uma bacteria esposa e tres bacterinhas filhas. O bacterio pensava que a injustica era um mal dos homens. Que as bacterias saprofitas responsaveis pela producao de vitaminas e acidos graxos de cadeia curta, degradacao das substancias alimenticias nao digeridas, integridade do epitelio intestinal, estimulo da resposta imunitaria e etc, nao poderiam serem chamadas pelo apelido feminino de “Flora”. Eles eram um exercito a servico dos homens. E por isso estavam lutando pelos seus direitos. Estavam pensando em fazer uma greve de fome e deixar todo o mundo com desinteria, das bravas, ate que resolvessem chama-las por um nome mais adequado. Estava perdido nessas elocubracoes quando uma de suas filhas deixou escapar um sonoro arroto que balancou a mesa e fez estremecer e tremer a barriga toda. Imediatamente, o bacterio, indignado, mandou que a filha saisse daquele intestino para sempre. A bacteria filha encheu sua trouxinha com duas calcinhas e um chinelo de dedos e, sob o olhar triste de sua mae e de suas irmas, desceu na primeira leva que saia com destino ao exterior desconhecido e perigoso. O lugar que ela sonhava em viver livre e independente do chato de seu pai.
Posted by Renato Vargas Simoes at 5:59 PM 1 comments
A Lavagem dos Ultimos Dias ( Fabulas Fabulosas 3 )
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O porco pediu ao homem que lhe desse uma boa dose de elexir palegorico misturado na lavagem porque ele estava com uma desinteria muito forte e nao estava conseguindo dormir direito a noite. O homem olhou pra o porco ressabiado e achou que ele estava com malandragem pois conhecia aquele porco muito bem. O porco raspou a garganta e continuou falando que acreditava que a lavagem dos ultimos dias tinha resto de carne de porco misturada com restos de arroz e feijao e que isso, alem de se caracterizar como um canibalismo, involuntario, mas da mesma forma inadmissivel, resultava na possibilidade de uma reacao organica degenerativa, nao so sacrificando o atual rebanho como tambem pondo em risco as futuras geracoes que poderiam se contaminar nesse ciclo indesejado e, por isso, contraproducente. Aproveitou e advertiu o homem para o risco da lavagem estar contamindada com produtos inorganicos que poderiam introduzir males maiores para a populacao do chiqueiro como a gripe aviaria e o mal da vaca louca alem de outras doencas ainda nao catalogadas. O homem, preocupado, foi a farmacia a procura do elexir palegorico porque ficou na duvida se o porco tinha realmente dito aquilo tudo ou se a televisao estava mexendo com seus nervos.
Posted by Renato Vargas Simoes at 5:56 PM 1 comments
Satisfacao
Deus chegou me empurrando bateu com as duas maos no meu peito exigindo satisfacao afinal quem eu pensava que eu era que podia escrever coisas que ele nao merecia que se alguem tinha o direito de estar no iate ou na penitenciaria era um prolema seu e eu nao estava autorizado a escrever sobre isso e mais que isso ficar dando corda para a capeta que nessas horas perdia a nocao do ridiculo e ficava azucrinado com ele e com todo mundo so porque ela nao sabe e nao conhece os misterios profundos da natureza e se acha dona da verdade aquela assanhada que nao se pode confiar ainda mais com esse pensamento de que os ricos sao os donos do inferno pois se o ceu exite e o paraiso e tao dificil aqui na terra como eles podem pensar que nao estao no inferno dentro de um iate ou dentro de todos os iates que rodam os mares azuis do caribe que por sinal esse mar tinha sido feito por ele no tempo ainda que nao existia nem a capeta nem os escritores mais ou menos no tempo em que o genesis fez a luz e so depois disso e que apareceram os iates antes dos homens que nao poderiam escolher por si so se iriam navegar nos mares cristalinos e calmos ou se afundariam nas penitenciarias do estado e por isso eu devia uma satisfacao nao uma retratacao porque o dito e escrito nao se apaga quando as palavras sao duras e escritas no blog de um dono de iate que nao quer nem saber se eu existo ou nao?
Posted by Renato Vargas Simoes at 5:52 PM 0 comments
Um Gostoso Cobertor de La ( Fabulas Fabulosas 2 )
45
Posted by Renato Vargas Simoes at 5:47 PM 5 comments
O Mais Inteligente dos Animais
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Posted by Renato Vargas Simoes at 5:43 PM 1 comments
Wednesday, December 20, 2006
O Buraquinho no Muro ( Fabulas Fabulosas 1)
43
Posted by Renato Vargas Simoes at 10:33 AM 1 comments
Perplexo
42
A televisao fez isso comigo: deixou-me perplexo. Eu estava distraido, a televisao ligada e resolvi dar uma passada de olhos nas ultimas noticias. Mudei de canal e dei de cara com o papa. Ele estava la sentado e numa fracao de segundos, infelizmente, eu vi seu rosto. Meu proposito de nunca ver o rosto do papa foi por agua abaixo. Mas, felizmente, eu me esqueci de seu semblante quase que imediatamente. No meu celebro so ficou a imagem de uma roupa branca e nao sei nem ao certo se ele usava um chapeu idiota que os papas usam. Gracas a Deus! Mas o pior estava por vir. Fui dormir ressabiado e nao e que o papa apareceu no meu sonho! Que estavamos presos em uma mesma cela. Ele com aquela roupa branca, me benzendo e dizendo que durante os anos em que ficariamos presos juntos ele iria me converter ao catolicismo. Acordei num pulo. Que pesadelo terrivel! Eu suava e jurei que nunca mais olharia para o lado da teve. Nao quero mais ver a imagem do papa. Pedi isso muito a Deus. Fiquei perplexo. E tem mais ainda. Enquanto eu contava esse fato, verdadeiro e chocante, a capeta do meu lado ria que se esbaldava.
Posted by Renato Vargas Simoes at 10:04 AM 1 comments
Tuesday, December 19, 2006
Deus me Fudeu!
41
Posted by Renato Vargas Simoes at 8:44 PM 1 comments
Monday, December 04, 2006
Servico Sujo
40
O homem na cadeira de rodas nao tem as duas pernas. Ele fica sempre estacionado na frente do seven-eleven. Sempre a noite. As pessoas param rapidamente os carros e ele se aproxima com a sua cadeira. Entrega um pacotinho e pega o dinheiro. Ele fica boa parte da noite fazendo isso. Algumas pessoas ficam incomodadas vendo o homem sem pernas fazendo esse servico sujo. Ele devia fazer outra coisa na vida! Dizem que ele perdeu as pernas na guerra. As pessoas incomodadas o denunciaram a policia. Ele foi preso com cadeiras de rodas e tudo. Depois de uns dias ele estava de volta no mesmo lugar e fazendo a mesma coisa. As pessoas incomodadas de novo avisaram a policia que havia prometido a ele que da proxima vez seriam implacaveis. Levaram e o deixaram uns dias no chao frio da cela do porao. Depois o tenente mandou que seus homens mais fortes fossem la e cortassem as pernas dele. De novo. Depois de uns dias la estava ele em frente ao seven-eleven vendendo os seus pacotinhos. Mesmo sem ter as duas pernas que havia perdido na guerra que serviu para levar a democracia a um outro pais muito distante. Mesmo sem ter as duas pernas que foram cortadas pela segunda vez pela policia na cela fria do porao.
Posted by Renato Vargas Simoes at 10:18 AM 1 comments
Jogo de Baralho
39
A mae do equilibrita jogava baralho. Ela era uma pessoa de sorte e sempre ganhava algum dinheiro. Quando olhava para as pessoas que haviam perdido, sentia uma certa alegria e uma certa tristeza ao mesmo tempo. Os olhares tristes, as esperancas perdidas. O dinheiro no bolso. Uma briga antiga essa do jogo de baralho, ela pensou. Tem gente que diz que isso e coisa da capeta. Tem gente que diz que e coisa dos homens. Eu nao sei. Acho que ninguem tem muita coragem de entender esse tipo jogo. A mae do equilibrista pensou em inventar um jogo em que ninguem perde. Inventou regras de modo que mesmo quem perdesse seria tambem um vencedor. Todo mundo ganharia dinheiro. Uma especie de moto-perpetua. O dinheiro nao seria repartido mas apareceria dinheiro novo feito em uma maquina embaixo da mesa, por exemplo. Coisa de mae. Queria que todos ganhassem. Fizeram um teste. Todo mundo ficou feliz por um tempo. Ate que alguem sugeriu que essa regra fosse aplicada em todas as atividades da nossa vida. O grupo foi enquadrado em uma lei chamada Pariotic Act. A mae do equilibrista pegou 20 anos sem direito a recorrer a liberdade condicional. Merecido.
Posted by Renato Vargas Simoes at 10:13 AM 1 comments
Thursday, November 30, 2006
Agua Limpa
38
A capeta estava indignada. Ficou tao brava que se fechou em seu canto e nao queria falar com ninguem. Foi com muito custo consegui que ela se abrisse. “Nao fizeram portas de emergencia na cadeia nova!” desabafou. “se pegar fogo nao se salva ninguem! Todos os presidiarios vao morrer queimados!” Eu fiquei pensando nisso por um tempo. Conclui que se fizessem portas de emergencia na cadeia os presos poderiam fugir facilmente. E fiquei na duvida. A capeta percebeu minha ignorancia e ficou mais emburrada ainda. Pensei que os presos colocariam fogo nos colchoes e assim seria facil fugir. Sera que tem splinklers? Sera que tem agua? Mesmo para beber? Agua limpa? Entao porque o guarda nao deu logo agua para o menino que estava preso? Sera que o engenheiro que fez o projeto nao pensou nisso? A capeta deu uma risada. Disse que no iate tem saida de emergencia ate de helicoptero. Que o bebado quando cai do iate, cai no mar limpo e calmo do Caribe. Que quando um preso fica doente o medico so remedio vencido. O medico e o engenheiro tem sempre pressa quando se trata de cadeia porque os iates estao sempre deixando o porto. Nos iates tem agua limpa. Perrier. San Pelegrino. Austin. Evian. Spring Ice. Lindoia nao tem.
Posted by Renato Vargas Simoes at 1:51 PM 1 comments
Wednesday, November 29, 2006
Andando e Cocando a Bunda
37
Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda. Andando e cocando a bunda.
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Tapao de Mao Aberta
36
Posted by Renato Vargas Simoes at 3:13 PM 1 comments
Wednesday, November 22, 2006
Deus Comeu Rapadura
Posted by Renato Vargas Simoes at 9:05 AM 0 comments
Tuesday, November 21, 2006
Afinal Ele Era Deus
34
Deus estava com dor de dente. A capeta me contou que no principio Deus era homem. Que era uma pessoa mais ou menos desequilibrada quando era moco. Depois enquanto foi crescendo aprendeu as coisas da igreja. Depois foi ficando cada vez mais rico e mais poderoso ate que um dia se tornou o presidente do pais mais poderoso do mundo. Dai pra se tornar Deus foi apenas um passo. Por isso comecou a matar gente. Somente para manter seus exercitos treinados. Afinal ele era Deus. Mas tinha uma coisa que o incomodava muito. Ele nao conseguia fazer nada de bom. Tudo o que ele gerava era odio ou tristeza. Um Deus poderoso mas incompetente. Um Deus de merda. E assim continuou sua carreira ate que a eternidade o consumiu. Agora ele estava com dor de dente mas nao ha dentista que possa ajuda-lo porque ele tem pavor do motorzinho e do boticao. Sentado num canto de uma galaxia chora baixinho enquanto a capeta sorri me contando essas coisas. Ela desbochava daquele Deus. Alguns ricos depois que morrem viram Deuses. A capeta so existe enquanto existe grana e iates. Ela nao tem medo de dentista por que o anestesico dos ricos sempre funciona bem.
Posted by Renato Vargas Simoes at 12:05 PM 2 comments
Monday, November 13, 2006
O Soluco do Homem
33
Posted by Renato Vargas Simoes at 5:15 PM 0 comments
Massaroca de Coisa Esquisita
32
Posted by Renato Vargas Simoes at 5:11 PM 0 comments
Sunday, November 12, 2006
Carcaca de Lesma
31
Posted by Renato Vargas Simoes at 10:59 AM 3 comments
Friday, November 03, 2006
Apenas Contei um Fato
Devo confessar que estava distraido. Na verdade, estava pensando em alguma coisa que acabara de ler na telinha do meu computer. De repente deu um “vap”e a sua cabeca cresceu para fora da tela em minha direcao. A capeta em pessoa. Ela estava furiosa. Demente. Queria ter uma conversa de “pe-de-orelha” comigo. Queria saber de onde eu havia tirado a ideia de que o pai do equilibrista havia morrido de uma queda na fila do banco. “Isso nao e verdade” ela bradou em voz rouca e vermelha. “Mas... que diferenca isso faz? Perguntei timidamente. “Que diferenca? Voce nao sabe? Ele era o equilibrista pai. Que ensinou o filho. Que deu sustento a sua familia com sua profissao. Como pode ter caido no chao frio de marmore do banco sem ao menos rachar a cabeca?” Dei um empurrao na cabeca da demonia e fiz com que ela voltasse de onde tinha vindo. “Sera que nao tinha nada melhor para fazer?” Pensei. Na verdade, nao fui eu quem tirou essa ideia de lugar algum. Eu apenas contei um fato inveridico ( antes de ser contado ) mas que depois de consumado capeta nehuma podera muda-lo.
Posted by Renato Vargas Simoes at 3:03 PM 2 comments
Lo Accidente
29
um dia troquei minha bike por uma moto. bike nova, moto véia, foi na oreia.minha mãe disse que ia ser dor de cabeça, mas nunca imaginei que doesse tanto. problemas mecanicos, manutenção e peças descontinuadas. nada disso. a cabeça bateu foi no meio fio. o capacete segurou um pouco mas o trauma aconteceu. a moto se foi e a bike tambem. minha cabeça nunca mais foi a mesma. ficou um calombo dum lado. ficou um buraco do outro. ainda penso, mas não me lembro de como pensava antes para comparar.minha mãe sempre diz a verdade e o pé da letra é simplesmente implacavel comigo.Palavras de Zakale escritas em www.zakale.blogspot.com
Eu tambem tive uma bike. Ela tinha o freio no pe. Era uma Husqvarna, Theca. Um dia o afilhado da minha mae, um neguinho filho da comadre Bastiana, viu minha bike no quintal e pediu ela a minha mae. Minha mae deu. Minha cabeca nunca mais foi a mesma. Sofro disso ate hoje. Nao sei dizer se por isso a vida do neguinho foi melhor dai em diante. A minha foi so lembranca de minha bike de breque no pe e de muitas derrapadas no asfalto novo da rua aonde eu morava. Acho que ficou um calombo de um lado e um buraco do outro por dentro de minha cabeca.
Posted by Renato Vargas Simoes at 2:59 PM 0 comments
Uma Forcinha
28
A capeta estava amuada. Sentada na sargeta, parecia que estava querendo chorar. “Ola Dona capeta” arrisquei puxar conversa. “Parece que nao esta muito legal hoje!? O que que ha?” “Nao esta vendo?” respondeu com uma voz miuda. “To tediosa. Nao to tendo muito o que fazer.” “ Nao tem o que fazer?
Posted by Renato Vargas Simoes at 2:28 PM 0 comments
Thursday, October 12, 2006
Urubus de Pescoco Pelado
27
Os meninos olhavam curiosos para o homem que andava pela estrada com um saco nas costas. A mae, quando viu o homem, correu pegar os meninos no colo e os trouxe, afobada, pra dentro de casa. Nao demorou mais que cinco minutos para a policia chegar. O homem seguia pela estrada como sempre fazia. A policia quase o atropelou com a viatura. Os guardas arrancaram o saco de suas costas e lhe bateram muito. Depois sairam cantando os pneus da viatura. O homem, sangrando, se levantou e comecou vagarosamente ensacar as coisas espalhadas ao lado da estrada: um cobertor, um panelao sem tampa, um pe de chinelo, um pao, um pedaco de papelao e um livro sem capa. Tudo muito empoeirado. O homem deu um sorriso quando viu que a polica havia rasgado em pedacinhos uma velha fotografia, a unica coisa que o ligava ao mundo de onde ele vinha. Por isso, caiu morto. Os urubus de pescoco pelado, saltitavam sobre o asfalto quente que fritava a carne que comiam.
Posted by Renato Vargas Simoes at 3:58 PM 0 comments
Wednesday, October 11, 2006
O Chutador de Baldes
26
Posted by Renato Vargas Simoes at 1:02 AM 1 comments
Unica Palavra
25
Posted by Renato Vargas Simoes at 12:58 AM 2 comments
Maria
24
“Ficou bom?”, pergunta a mulher para o diretor. “Ficou uma bosta. O babaca do cameraman focalizou o seu rosto. Eu disse que deveria da um zoon nos seus peitos. Vamos rodar de novo.” “Sei nao,” disse a mulher. E que quando apagam as luzes esse cara vem que nem louco em cima de mim… nao estou gostando disso.” “Sei nao?” “ Nao esta gostando? Ora bolas…Se nao for assim o filme perde a forca. Quero que tudo seja expontaneo.” “Mas que forca? Se a luz esta apagada e nao da pra ver nada do que estao filmando?” “Vamos fazer o seguinte? Voce faz sua parte bem feita e cuidamos do resto.” “Nao da nao. Nao acredito nessa historia do genesis dessa maneira. Eu aprendi no meu catecismo que o genesis foi uma coisa bonita…uma luz que atravessava o universo escuro e vazio. Agora vem esse cara querendo abusar de mim enquanto a luz esta apagada. E nao quero o zoon em lugar nenhum a nao ser no meu rosto. Meu nome e Maria, nao se esquecam disso: M A R I A.”
Posted by Renato Vargas Simoes at 12:52 AM 0 comments
A mesma borracha
23
Voce e ateu? Nao? Acredita em Deus? Acredita que Deus e um ser superior? Um ser que esta acima de nosso conhecimento? Um ser que comanda toas as forcas do universo? Majestade? Onipresente? Onipotente? Onupresente? Onitudo? Comanda tudo? Entao, ele comanda as desgracas da humanidade? Comanda as doencas? Comanda os exercitos? As injusticas? Os desvios? Comanda os homens poderosos? Comanda as igrejas? Comanda os fieis? Comanda os ateus? Comanda a internet? Comanda o microsoft word aonde se pode mergulhar de cabeca na tela e seguir ate o inferno que ele tambem comanda? Comanda meu teclado? Comanda minha cabeca? Comanda minhas maos? Entao ele tambem comanda minha letra que sai toda torta quando bebo e tento teclar alguma coisa. No dia seguinte, entendo porque minha tela esta cheia de cuspe riscado com meu dedo quando tentei apagar as ideias embriagadas que escrevi ontem a noite. A mesma borracha que Dante usava.
Posted by Renato Vargas Simoes at 12:42 AM 0 comments
Friday, August 04, 2006
Escabroso Festim
22
Naquela epoca havia muita tristeza pelo mundo: as maes choravam a morte dos filhos ainda criancas; os pais adoeciam e nao tinham mais comida em casa; as casas deixavam a chuva entrar pelos telhados; o frio congelava; o calor sufocava; as doencas se espalhavam rapidamente por todos os lugares e por todas as pessoas; as criacoes morriam com a boca espumando; a podridao infestava o lugar com um cheiro de vapor de enxofre. Sobre as barrigadas dos porcos, putrefatas, espalhadas pelas ruas, moscas azuis tiniam suas asas em um escabroso festim. Quando contaram para o rei o que estava acontecendo ele perguntou aos conselheiros o que deveria fazer para que aquelas pessoas nao parassem de pagar seus impostos. Um conselheiro sugeriu uma ajuda financeira, a divisao da riqueza do reino. O rei mandou imediatamente matar o conselheiro. Outro conselheiro sugeriu que as pessoas tivessem uma ajuda espiritual. O rei cocou a cabeca... A pior desgraca que a humanidade ja experimentara estava por vir.
Posted by Renato Vargas Simoes at 1:34 PM 1 comments
Mais Um Copo
21
O papa e um sujeito ridiculo. Alias, todas as pessoas ligadas as igrejas sao ridiculas. As igrejas sao a fonte de todas as maldades que existem no mundo (?). Nao tem nada pior que as igrejas. Talvez os exercitos se comparem a elas mas, mesmo com toda a sua imbecilidade, eles ainda nao sao piores que elas. Mas, agora, o assunto e o papa, nao os exercitos. Eu ainda nao conheco o papa. Fiz uma promessa, a mim mesmo, nunca ver a figura do papa. Quando ele aparece, em algum ridiculo jornal ou na idiotizante televisao, eu olho para o outro lado. Nao sei bem o seu nome e nao me importa as bobagens que ele fala. Assim, quando um dia ele se encontrar comigo pelos bares da cidade nao vou reconhece-lo e se, quando um amigo me apresentar, “Olhe…esse aqui e o papa”, eu, descontraido, tomando minha cerveja, olho para o dono do bar no outro lado do balcao e peco mais um copo. “Da mais um copo ai para o papa. Senta ai, o papa!”
Posted by Renato Vargas Simoes at 1:30 PM 1 comments
O Vapor do Passaro
20
O inferno nao existe. Nem simbolicamente. E ser muito burro acreditar no inferno. Nao pode haver um lugar que queima as pessoas vivas pelo resto de suas mortes. Ou que nao queima mas faz com que as pessoas mortas, mas que ainda sao vivas (?) , sofram de qualquer outra maneira. O inferno e outra coisa que as igrejas e os crentes nao querem admitir. O inferno e a vida boa que se pode ter na terra. E o prazer eterno que se tem enquanto ele dure. E o jacare comendo o passaro que poderia estar voando alto nos ceus e, no entanto, foi engolido na beira da lagoa, por um reptil rastejante que se atola na lama e depois entra na agua pra lavar o subaco. O inferno sao os ricos nao compartilhando com os pobres, o iate parado no cais da lagoa, as luzes acessas, a musica alta, os risos das mulheres bonitas, o constante tim tim das tacas de vinho espumante enquanto, la em baixo, o jacare arrota o vapor do passaro.
Posted by Renato Vargas Simoes at 1:21 PM 1 comments
Super Homem
19
O homem morava na favela com sua familia. Era considerado uma pessoa normal mas achava que o mundo precisava de mais leitura, ou alguma coisa que nao sabia ao certo o que seria.
Um dia, ele foi a biblioteca da cidade e pediu a bibliotecaria um bom livro. Ela, toda sorridente, lhe deu um livro do Sartre, o Jean Paul. O homem ficou achando que Sartre era o maximo! Ficou impressionado com a historia do homem humilde e fraco mas que se sentiu muito poderoso quando saiu de casa e andou no meio das pessoas com um revolver no bolso. Aquele homem se tornara um "super homem"! Por isso, o homem ficou pensando nas coisas da favela. Pensou na pobreza e na violencia. Pensou no "super-homem". Foi ate uma loja no centro da cidade e comprou uma roupa igual a do Super-homem. Quando ele saiu de casa andando pela favela, vestido com aquela roupa ridicula, apanhou tanto, tanto que nunca mais quiz ler e proibiu, para sempre, seus filhos irem a biblioteca.
Posted by Renato Vargas Simoes at 1:05 PM 0 comments
Tuesday, July 18, 2006
Ostras Verdes
18
No tempo em que somente existia o papel e a pena o poeta escreveu: “tomei de minha pena e sob a tenue luz de uma vela, enchi minha alma de inspiracao comecei a rabiscar minhas ideias. Comecei a escrever sob o rangido da pena sobre o papel e o tinir do fundo do tinteiro a cada vez em que a molhava. Era um 'rasqui' e um 'tinqui' que me irritavam muito. Depois, quando errei a grafia das palavras excessivo exegese foi um porre maior ainda. Tive que rasgar a folha e comecar tudo de novo. Merda. A inspiracao foi pra puta que me pario. Apaguei a vela e fui deitar porque, alem de tudo, nao aguentava mais ouvir aquele 'crequi' 'prequi' do pavio queimando e aquele 'chiufiti' da parafina caindo no pires. E essa bendita tuberculose que nao me da sussego. Tenho que escarrar a cada dez palavras que escrevo porque tenho nojo de engolir essas ostras verdes que habitam meus pulmoes” Dante escrevia o seu Inferno somente durante o dia e so usava lapis com grafite lavavel. Quando errava, cospia na mao e esfregava o dedo sobre a palavra. Depois, assoprava a folha ate ela secar e escrevia por cima. Porco.
Posted by Renato Vargas Simoes at 10:55 PM 0 comments
Jantar de Pascoa
17
O menino vinha andando com a perua em baixo do braco. Na rua, as pessoas olhavam sem entender o que estava acontecendo. O menino caminhava tranquilo nao se importando se as pessoas olhavam para eles. Ele amava a perua. Era sua primeira namorada. E os meninos costumam a se apaixonar pelas suas primeiras namoradas. Quando o menino chegou em casa a mae dele ficou exultante. "Oba!", disse. "Finalmente vamos ter alguma coisa para o jantar de Pascoa." Deu um forte abraco no menino que imediatamente a empurrou de lado quando percebeu que, sem querer, ela apertava a perua que estava sob o seu braco. Em seguida, a mae perguntou quem iria matar a perua. "Matar? Matar minha perua? Pirou, mae?"O menino ficou indignado. "Minha namorada?" Ao ouvir aquelas besteiras a mae pegou o chinelo e deu uma surra no menino. Em seguida puxou o pescoco da perua e a deixou se debatendo no chao da cozinha. O menino pegou o revolver do pai e deu seis tiros na cabeca da mae. Ele realmente amava a perua.
Posted by Renato Vargas Simoes at 10:44 PM 1 comments
Saturday, July 15, 2006
"Olas"
16
Pablo Neruda tinha uma colecao de pedras como eu tenho. Um dia, eu estava sentado e uma pedra olhou para mim. Eu olhei para ela e resolvi coloca-la no bolso. Ela nao era uma pedra comum. Tinha alguma coisa que as outras pedras nao tinham. Talvez, um olhar difetente das outras. Um pedra digna de ir para uma colecao de pedras. Depois, passei muito tempo sem achar a minha segunda pedra. Ate que um dia, sem nada esperar, olhei para o chao e vi uma outra pedra olhando pra mim. Pimba! a segunda. Assim foi ate que juntei umas 50 ou 70, nao contei. Um dia, lembrei que o Neruda tambem tinha uma colecao de pedras. Fiquei puto comigo mesmo. Entao tinha sido la que eu tinha aprendido essa besteira? Havia sido com o grande poeta Neruda? Aquele mesmo que chama as ondas do mar de “olas”?! Se eu tivesse um estilingue atiraria todas essas pedras na janela do vizinho que reclama quando ouco musica alta.
Posted by Renato Vargas Simoes at 12:10 PM 1 comments
O Dante e Um Babaca
15
Quer ver? O Dante e um babaca. Escrever uma poesia sobre o inferno! Que bobagem. Nao so pela perda de tempo quando escreveu o livro mas o tempo todo em que as pessoas ficaram lendo esse livro. Eu mesmo ja li. Burro. Umas versoes reduzidas e traduzidas. Ai, um amigo recomendou que eu lesse o original. Que coisa, nao? Mesmo sem entender a lingua dos italianos eu gastei um tempao lendo aquele pretenso inferno. O inferno nao pode ser assim. O inferno nao e o que o Dante diz. O inferno e um iate cheio de vinho e talheres de prata. O Dante colocou tudo arrumadinho. Os niveis do inferno. As pessoas e as penas. Que e isso? Que puta sacanagem. Que perda de tempo. Que falta de imaginacao. “E questo e vero cosi com’io ti pario.” (“ E isso e verdade assim como eu te falo”.) Mentira. Inferno e ouvir Tom Jobim quando a pessoa amada te deu um pontape. O inferno e morder a lingua comendo buchada. O inferno e um lugar especial aonde somente quem nao gosta de poesia pode entrar.
Posted by Renato Vargas Simoes at 12:02 PM 1 comments
A Mesma Merda
14
Nao gosto de poesia. E assim: pego algumas palavras, que ja conhecia, e as coloco enfileiradas ou de uma outra forma qualquer. Leio. Nao era assim que eu queria ve-las. Nao gosto do que li. Volto e tiro um “foda-se” que parecia querer sobrepujar as outras palavras. Escrevo o "foda-se" em outro lugar. Tambem nao gosto. Fico puto. Apago o "foda-se" de vez. Leio de novo e nao gosto de mais nada. Dou uma fungada e penso em apagar tudo o que escrevi. Rearranjo. "Foda-se!" Mas estava tao bonito! Aquela palavras vieram de uma inpiracao intensa. O que teria acontecido? Fico lendo meio de longe… vou ate a cozinha e dou um gole no cafĂ©. Volto e leio tudo de uma vez. Procuro algum sentido, alguma coisa que esteja escondida. Alguma coisa criativa. Alguma coisa nova. Uma vida... Nada. Nao acho nada. A mesma merda. Nao gosto de poesia. Apago tudo e escrevo o "foda-se" bem grande no meio da folha na telinha.
Posted by Renato Vargas Simoes at 11:54 AM 0 comments
Friday, July 14, 2006
Os Arranha-ceus
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A vida por um fio. O equilibrista sabe bem o que isso quer dizer. Ele nao se preocupa com a morte porque sabe que sua vida esta por um fio. Sempre. Com o pai dele tambem tinha sido assim. O pai lhe ensinara como amarrar o fio entre a barriga e as pernas para que ele funcionasse como salva-vidas quando ele precisasse dele. Ficaria dependurado mas sao e salvo. O pai ensinou a ele muitas coisas. Por isso eles conseguiam juntar muitas pessoas na praca entre os arranhas-ceus para ve-los na corda bamba. O pai do equilibrista era uma pessoa normal. Ele comecou a andar na corda bamba sem ter uma razao especial. Como ele era uma pessoa dedicada as coisas que fazia, andou na corda bamba sem titubear. Sem cair. Um dia, ele estava na fila do banco para pagar umas contas que nao estavam atrasadas. Sentiu uma dor no peito e nao teve fio que o salvasse. Caiu duro no mesmo chao que ele nunca imaginou que fosse cair. Quando a mae do equilibrista soube disso ficou muito brava com ele. Mesmo quando ele estava deitado no caixao ela nao parava de reclamar. "ja que tinha que morer porque ele nao caiu do alto dos arranha-ceus?"
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O Diretor da Escola
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Escrever e uma falta. E ir em busca do equilibrio. Os poetas sao equilibrados. Uma merda isso. E somente os poetas equilibrados sao dignos da escrita: “minha terra tem palmeiras onde canta o sabia, as aves que aqui gorjeiam nao gorjeiam como la”. Eu penso que esse poeta foi a pior merda que me fizeram sentar em cima. Nao que ele fosse ruim. Isso nao sei. Mas ele nao imaginava que seus versos fossem servir para fazer minha professora me encher o saco com eles. Ela me detestou quando eu mudei os versos e disse: “ minha terra tem poeiras aonde minha avo vai cheirar, as terras que a rodeiam nao a fazem espirrar!” Sem sentido. Coisa de moleque. Ela me mandou falar com o diretor da escola. Fui chorando. O diretor olhou para mim sorrindo e mandou que eu repetisse os versos da forma que eu os adaptara. Voltei para a classe cabisbaixo porque o diretor gostou de meus versos. Ele disse que eles mostravam o calor da terra. Que babaca!
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A Unha Suja
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A demonia disfarcada aparece em sua frente, na telinha virgem do microsoft word. “Vem” ela me diz. “Coloque seus dedos em suas teclas e me faca feliz.” Nas minhas teclas? Meu teclado? Ele esta todo cheio de sujidades do tempo e nao quero outro novo. Outro novo, nao. Quero o meu teclado sujo. Tem ate pentelho entre as teclas mas nos nos entendemos. Somos parecidos. Somos sujos. Sujeitos sujos com as coisas que aprendemos. A sujidade da vida. Imundice. “Ok”. “Certo” ela insiste.”Se nao fossem pessoas como voce eu nao teria razao de existir. Vem meu homem. Vem minha femea.” Minha femea? Ela nao sabe meu sexo, por isso ela nao vacila. Ela e o demo ou a demonia. Entao escrevo um monte de coisas que nao dizem pissiroca nehuma. Leio o que escrevi e nao gosto. Escrevo um "F O D A - S E" bem grandao e bem no meio da tela. Me veio a lembranca a unha suja do equilibrista cheia de coisa preta entre ela e a carne do seu dedo.
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A Moeda Talvez
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"O sexo e o corte." Nao sei se foi so o Caetano que inventou e disse isso. Talvez ele repetiu o que alguem tinha dito. Tanto faz. Nao sei se ele disse porque acha mesmo que e isso ou porque algum amigo lhe disse. Sabe como sao essas coisas? As vezes a gente pensa como um amigo pensa. As vezes a gente nao pensa, apenas repete o que o amigo diz. Coisa de bobo, nao? Nao sei. Mas de qualquer forma, nao concordo. O sexo nao e o corte. O corte sao outras muitas coisas. O sexo parece ser o corte. A moeda, talvez. O corte e o dinheiro, talvez. O corte e o acumulo de dinheiro. Pode ser. O Caetano, as vezes, fala umas coisas…O Caetano! Leia meu Blog e me escreva alguma coisa… por favor! Diga alguma coisa, ja que o que digo dizem que fica o dito pelo nao dito. Da vontade de escrever muito ate que eu chegue a algum lugar que nao seja o corte. Uma destentacao as avesas. E o demo e a demonia. O acougueiro e o mestre do corte da carne. Ele usa o cepo e o machado para cortar os ossos. O sangue e o tutano escorrem e parte deles somem nas veias abertas da madeira do cepo.
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Vai te Catar Dona Vaca
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A mulher tinha dito para o homem que ela era virgem. Ele ficou meio na desconfianca mas, sabe como e? Mandou ver. Uma vez, uma mulher me disse que era virgem. Eu, bobo, contei para um amigo. Ele morreu de rir. Quase se mijou de tanto rir. Eu perguntei como ele poderia saber se ela era virgem ou nao? A Mariazinha? Ora bolas! Disse mais. Disse que todas as mulheres se dizem virgens. E um comportamento generalizado. As mulheres nunca dizem aos homens que nao sao mais virgens. Eles nao devem perguntrar isso a elas. Se elas dizem isso expontaneamente, voce simplesmente nao da trela. A virgindade e uma coisa dos homens e as mulheres sabem disso. A religiosidade. A virgem Maria. Uma vez uma vaca disse a uma cacchorra que era virgem. A cachorra perguntou: “Virgem aonde? Na orelha? Vai te catar dona vaca. Isso e coisa dos homens”. A vaca cocou a arelha… E Maria foi concebida sem pecados. A Mariazinha?!!!
Posted by Renato Vargas Simoes at 12:57 PM 1 comments
Acorda Menino!
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Nosso destino e ser o fruto do ensinamento. “Come com a mao direita!” Mas pai… eu nao consigo… so consigo com a outra mao.” "Outra mao? Vou te dar uns bons tapas e voce vai ver se come como gente ou nao.” A lagartixa correu no forro da casa e o menino ficou olhando para ela. “Merda“, pensou. “Se pego essa lagratixa ela vai ver so o que faco com ela. Quero cortar seu rabinho ve-lo dancando sobre a toalha da mesa. A lagratixa nao usa as maos para comer. A gente devia enfiar a cara na comida como as lagartixas fazem. E se eu colocar o rabinho dela, ainda mexendo, na sopa do meu pai? Assim quem sabe ele acorda." “Acorda menino! Ta pensando no que? Agora e hora da comida e nao hora de ficar olhando pro ceu.” “Mas nao tem ceu aqui dentro de casa!” Baf! “Ai pai! O que que eu fiz?” “ Cala a boca e come com a mao certa. Ja te disse!”
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Friday, June 30, 2006
A Doutrina da Obediencia
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“Tudo o que penso que sei, veio de algum lugar, certo? Nao inventei as palavras e nao inventei os pensamentos. Sempre me ensinaram como deveria pensar. Fui a escola para isso. Meus pais queriam que eu aprendesse a pensar. Senao eu seria um “nao sei o que na vida”. Queriam que eu fosse um bom aluno. Um dos primeiros da classe. Isso seria o sinal de que eu aprendera a lidar com as coisas que a escola me fornecia. Aprendia a pensar. Assim, quando a vida viesse com essas mesmas coisas, eu, que tinha sido um bom aluno, saberia como responder tudo o que me perguntassem. Pois e. Assim, aprendi a pensar mais ou menos. Nunca fui um bom aluno porque nao gostava das coisas que a escola ensinava. Mas, eu tinha que obedecer aos meus pais que me ensinaram, antes da escola, que deveria obedece-los”. Disse o menino algemado enquanto uma lagrima corria em sua face. Ele havia acabado de matar a sua mae.
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O Fio de Nylon
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O inferno faz vento e dizem que foi a natureza quem fez. Dizem que a natureza sabe o que faz. Que a natureza e a mae das coisas. Mentira. A mae e o inferno. O inferno e que manda. O inseguro. O desequilibrio. O honesto. O vento veio do inferno que queria que o homem da corda bamba caisse. Coisa natural? Sim. Mas isso nao aconteceu. O homem estava protegido por um fio muito fino de nylon transparente que o seguraria, sao e salvo, no caso de um vento inesperado lhe desequilibrar. Ta certo que o fio de nylon quase lhe cortou o saco e entrou um montao em sua bunda. Mas ele fugiu meio manquitolando, sao e salvo, porque a multidao queria seu pagamento por ter sido enganada. Queiram fazer um massacre. Fariam com ele aquela bola recoberta de merda, com as proprias maos. Mesmo que aquele espetaculo fosse gratuito. Mesmo que o homem nao havia cobrado ingressos. Nada mais importava porque aquele vento so veio para isso. A demonia e sabia.
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Wednesday, June 28, 2006
A Mae do Equilibrista
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O universo e desequilibrado. Senao, as coisas nao seriam assim. Tudo seria normal. E a normalidade e uma coisa muito ruim. O equilibrio e uma merda. So buscamos o equilibrio para no fim provar, para nos mesmos, que nao estavamos certos. Imagine uma pessoa andando em uma corda bamba. La em cima entre dois arranha-ceus. Qual e a graca? So tem graca se ele cair. Mas ela sabe que nao vai cair. Ele sabe o que esta fazendo. A sua vida e mostrar as pessoas que ele nao cai. Mas, um dia, o vento veio de surpresa. De repente uma golfada. As pessoas na terra imediatamente, seguraram seus chapeus. Por uma fracao de segundo se esqueceram do homem la em cima. Mas na fracao de segundo seguinte, olharam para o alto certos de poder ver o homem vindo em direcao do chao se transformando em uma bola de carne, ossos, sangue e merda. Aiiiiiiiiiiii. Pof! Todos fecham os olhos nessa hora. Menos a mae do equilibrista. Puta.
Posted by Renato Vargas Simoes at 9:37 PM 1 comments
Voo de Costas
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Fiquei pensando que a natureza de todas as coisas provem do universo desequilibrado. A natureza nao e equilibrada. O inferno sim. Fiquei pensando que uma maneira ruim de se conhecer o inferno e atravez dos jornais. Eles so dizem abobrinhas. Abobrinhas. Merdas. Entao, os livros? Tambem e uma maneira ruim. Segundo Raul, os livros servem so pra quem nao sabe ler. O nada. Ja pensou em ter uma conversa sobre o nada dentro daquele belo iate? Sobre o nada mesmo. O vazio. Uma conversa que voa de costas. Ou voa ao contrario como o passaro Gufos, dos seres imaginarios, do Borges, aquele maluco, sem pe e sem cabeca, que disse que os Gufos sao passaros que voam para tras porque nao importa aonde eles irao mas sim aonde eles estiveram. Sera que e isso mesmo que o Borges escreveu? Cara doido, nao? Devo parar de pensar na natureza das coisas e no universo desequilibrado. Senao vou voar de costas e a policia vai desconfiar de mim. Nadar de costas pode. Voar nao. Mesmo que seja em direcao do ceu.
Posted by Renato Vargas Simoes at 9:27 PM 1 comments
Tuesday, June 27, 2006
O Portao do Bill
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O microsoft word e a capeta disfarcada. Ela te fala: vem escreve em mim! No comeco, voce refuga um pouco mas, logo depois, fica maluco vendo aquela linda telinha branca se arregacar ante seus olhos. Suas maos, tremulas, comecam devagar a quebrar a sua virgindade. Ela sempre diz que e virgem. Desvirgina, depois edita e as vezes, imprime. Um miche barato. A capeta chama o dinheiro de bill. A conta. A nota. Ela abriu alguns portoes por onde esses bills desses miches ( que viram hiper-surubadas na universalidade da internet ) atravessam e queimam no fogo do inferno. Esse lugar e conhecido como o portao do Bill. Or the gate of the bill. Ou o Bill do Gates, eu nunca sei ao certo. So sei que e o lado de tras da telinha do microsoft word, essa capeta arrombada mas disfarcadinha de virgem. Ave Maria de tras-pra-frente. A capeta faz milhoes de miches todos os dias. Cruz-credo-Ave-Maria como diria o Ze SimNao.
Posted by Renato Vargas Simoes at 11:33 PM 0 comments
Sangue de Boi
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O inferno deve ser um lugar muito bom. Se tivesse um jeito de enfiar a cabeca dentro da minha telinha e se misturar com aquele dinheiro todo, talvez eu pudesse chegar ate la. Junto com a capeta. Cair dentro de um iate com todas as coisas boas que o inferno deve ter. Sofas de couro azul para nao dizer que estao abusando dos bois que nao sao azuis. Talheres de ouro verde para nao dizer que estao esbanjando a toa enquanto parte do mundo morre de fome. Conversas sobre o nada, a parte mais cara e a mais evidente de que o inferno e o lugar aonde deveriamos todos estar. Vinhos! Vinho bom e coisa da demonia? Sangue de boi. Chapinha, meu chapa. Sera que esses caras ja tomaram um desses? Naquele iate, nunca! Ali e o inferno e esse vinhos so tem na terra dos simples mortais. Nos bares das prostitutas. Tenho certeza que ali e o inferno verdadeiro. O unico. Mas vou continuar procurando por outros. Sangue de Boi e de Vaca.
Posted by Renato Vargas Simoes at 11:10 PM 1 comments
O Homem Injuriado
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Genesis. No comeco era a lux. Mentira. Vou contar para voces como essa mentira vem sido repetida desde o comeco. Contar como a lux apareceu e uma coisa facil de se entender. Uma historia mais ou menos assim: a lux e contraria ao escurix. Imagine. No comeco era o escurix, depois apareceu a lux. Iluminando onde? Iluminando o que? A escuridao do universo? O nada. O que a lux iluminava, po? Nao sei nao. O que eu quero contar para voces e como a lux entrou sem pedir licensa e desfez o genesis do casal em caricias no quarto escuro. Alguem chegou quietinho e, pim!, ascendeu a lux. O homem, injuriado, gritou: apague a porra dessa luz, seu filho duma puta! A mulher, envergonhada, procurou o lencol que estava enroscado no pe da cama e que nao desenroscava de jeito nenhum. A camera mostrou a face da mulher. Deveria mostrar os peitos. Porra! Genesis. No comeco era o escuridao. O fim de tudo. O fim era apenas o comeco. No comeco era a escuridao e nao a Luz.
Posted by Renato Vargas Simoes at 10:44 PM 2 comments